Trump pede que companhias aéreas considerem espaço aéreo da Venezuela 'totalmente fechado'


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado (29) que companhias aéreas devem considerar o espaço aéreo “acima e ao redor da Venezuela” como totalmente fechado. A declaração foi feita na rede Truth Social, plataforma da qual Trump é proprietário, e incluiu um alerta direcionado também a “pilotos, narcotraficantes e traficantes de pessoas”.

“Às companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas: considerem o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela totalmente fechado. Obrigado pela atenção”, escreveu o presidente.

A fala reforça um alerta emitido anteriormente, em 21 de novembro, quando o governo americano recomendou que empresas aéreas “exercessem cautela” e evitassem sobrevoar a região. Naquela ocasião, no entanto, a expressão “espaço aéreo fechado” não havia sido utilizada.

A orientação inicial foi divulgada pela Administração Federal de Aviação (FAA), que citou o agravamento da situação de segurança e o aumento da atividade militar na Venezuela e em áreas próximas. Segundo o comunicado, tais fatores representam riscos potenciais para aeronaves em todas as altitudes.

Após a recomendação, diversas companhias aéreas suspenderam voos que cruzavam o território venezuelano ou que tinham o país como destino. Em resposta, o governo de Nicolás Maduro revogou, na quinta-feira (27), a licença de ao menos seis empresas estrangeiras, entre elas TAP (Portugal), Avianca (Colômbia), Turkish Airlines e Gol (Brasil). Caracas acusou as companhias de aderirem ao que chamou de “ações de terrorismo de Estado promovidas pelo governo dos EUA” e exigiu a retomada das operações em até 48 horas.

As tensões se intensificaram após Trump afirmar, também na quinta-feira, que ofensivas terrestres contra o narcotráfico na Venezuela devem começar “muito em breve”, sem detalhar o formato da operação. Ele afirmou ainda que o tráfico marítimo tem diminuído e que os EUA agora focarão em impedir o transporte terrestre de drogas, considerado por ele “mais fácil”.

“Alertamos que parem de enviar veneno para o nosso país”, declarou o presidente.

De acordo com o New York Times, Trump e Maduro conversaram por telefone no último fim de semana. Fontes disseram ao jornal que os dois discutiram a possibilidade de um encontro nos Estados Unidos, embora nenhuma reunião esteja marcada. O secretário de Estado Marco Rubio, crítico ferrenho do governo Maduro, também teria participado da chamada.

A ligação ocorreu poucos dias antes de entrar em vigor a decisão do Departamento de Estado que classificou o Cartel de los Soles — organização criminosa acusada de envolvimento no narcotráfico — como grupo terrorista estrangeiro. Washington afirma que Maduro lidera o cartel, acusação que o regime venezuelano nega.