Irmão de Michelle Bolsonaro leva refeições a Jair Bolsonaro na PF


O irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), Eduardo Torres, esteve na Superintendência da Polícia Federal em Brasília na tarde deste domingo (30) para entregar refeições ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), preso desde que rompeu sua tornozeleira eletrônica usando um ferro de solda. Torres chegou ao local por volta das 13h.

Desde a detenção, Bolsonaro tem recusado as refeições preparadas pela corporação e se alimentado exclusivamente de comidas enviadas por familiares. Além de Torres, estão autorizados a levar marmitas o ex-assessor presidencial Antonio Machado Ibiapina e o tenente militar Kelso dos Santos. O cardápio segue orientações médicas, com foco em baixa gordura. Michelle Bolsonaro, que costuma acompanhar a rotina do marido, está em viagem pelo Ceará.

Rotina na cela de 12 m²

Bolsonaro cumpre a primeira semana de prisão em uma sala adaptada de 12 m² na Superintendência da PF, equipada com cama, mesa, frigobar, ar-condicionado e televisão, que permanece ligada durante grande parte do dia. Aliados relatam que ele alterna períodos de silêncio com conversas breves e reage rapidamente aos telejornais.

A leitura também passou a fazer parte da rotina. O filho mais velho, Flávio Bolsonaro, levou na terça-feira o livro “Metanoia — A chave está em sua mente”, do bispo americano JB Carvalho, como forma de amenizar o isolamento determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O material integra os passatempos do ex-presidente ao lado de revistas de palavras cruzadas — gosto cultivado desde os anos 1970, quando Bolsonaro chegou a ter 21 cruzadinhas publicadas no Estado de S. Paulo.

O livro de autoajuda, que fala sobre abandonar “narrativas internas que aprisionam” e propõe uma jornada emocional de 21 dias, pode inclusive gerar remição de pena, conforme previsto na legislação brasileira.

Visitas e momentos de maior ânimo

Os momentos mais aguardados pelo ex-presidente são as visitas da família. Michelle esteve na PF no domingo e na quinta-feira; Flávio e Carlos, na terça; e Jair Renan, na quinta. O clã montou uma espécie de operação paralela para organizar a rotina do ex-presidente, fornecendo desde os passatempos até a alimentação.

Segundo aliados, Bolsonaro teria chorado horas após a visita de Flávio ao ser informado de que sua prisão preventiva havia sido convertida em definitiva, após o encerramento do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal.

Crises de soluço e preocupação da família

As crises de soluço que Bolsonaro enfrenta desde o fim de semana se intensificaram na quinta-feira, levando à necessidade de atendimento médico dentro da própria cela — sem deslocamento ao hospital. O episódio reativou entre aliados a defesa por um eventual retorno à prisão domiciliar.

Embora não haja registro de qualquer ameaça ou irregularidade nas dependências da PF, pessoas próximas ao ex-presidente demonstram desconfiança com a comida da corporação e temem a possibilidade de envenenamento. Assim, Bolsonaro segue se alimentando apenas da "quentinha da dona Michelle" ou dos itens entregues por Eduardo Torres. “Meu pai sempre se preocupou com a comida. Não se sabe a origem, nas mãos de quem passa”, afirmou Flávio Bolsonaro ao justificar a opção pela alimentação fornecida pela família.