Meteorologistas explicam a recorrência de ciclones

Após a ocorrência de três ciclones em menos de um mês no Rio Grande do Sul, meteorologistas explicam a reincidência desses eventos climáticos no Estado e apontam as perspectivas para a previsão do tempo nos próximos meses no Estado.

Flavio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, disse que a ocorrência de ciclones é comum no Rio Grande do Sul. Na maioria das vezes, eles se formam sobre o oceano e não causam danos à população. Apenas quando se aproximam da costa podem acabar gerando transtornos maiores. “A ocorrência de ciclones é bastante comum no Estado, principalmente no outono e no inverno. Geralmente, eles passam distantes da costa e não causam grandes problemas no continente. Porém, algumas vezes, se aproximam do litoral gaúcho, e isso pode trazer danos, prejuízos e eventos severos”, afirmou.

Meteorologistas também explicam a recorrência desses eventos em um curto intervalo de tempo. Segundo eles, o principal fator são as condições atmosféricas. “A principal influência foi uma região de baixa pressão junto a um fluxo de umidade. Os três ciclones ocorreram devido ao avanço de uma frente fria, com uma região de baixa pressão e fluxo de umidade”, avaliou Lucas Fagundes, que atua na Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do RS.

“Muitas vezes, o fenômeno se repete. Em muitos casos na história, houve a repetição com maior frequência em determinado período, devido ao padrão que predominava na atmosfera. Foi o que aconteceu nas últimas semanas”, acrescentou Varone.

A própria localização geográfica do Rio Grande do Sul também está entre as condicionantes. “Os ciclones são fenômenos bem comuns próximo do Estado, no extremo sul da América do Sul. O Rio Grande do Sul, em virtude de sua posição geográfica, naturalmente está associado com a passagem desses sistemas meteorológicos”, observou Varone.

El Niño

Segundo o último boletim do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul, no fim do trimestre entre julho e setembro, o El Niño deve atingir forte intensidade no Estado, levando ao aumento da precipitação pluvial sobre todo o território, com volumes de chuva acima da média em todas as regiões. “Com o El Niño, poderemos ter uma evidência maior de ciclones. Até o final do inverno e, principalmente, durante a primavera, podem ocorrer eventos mais severos associados ao El Niño. Esses sistemas podem se intensificar um pouco mais, resultando em maior frequência de fenômenos adversos”, alertou Varone.

O meteorologista chamou a atenção para a primavera, que é o período em que o El Niño tem maior influência no Estado. “Esse período já apresenta, por si só, eventos severos. A ocorrência de um El Niño muito forte pode intensificar esses fenômenos. Então, ao longo da próxima primavera, tempestades associadas com ventos fortes, granizo, chuva intensa, altos volumes acumulados em intervalos de tempo muito curtos, podem se tornar mais repetitivos”, avaliou.

Quanto às temperaturas, a Sala de Situação do governo gaúcho prevê que o inverno no Estado seguirá com a passagem de frentes frias, mas as temperaturas devem ficar acima da média climatológica.






*Com informações do site O Sul.